segunda-feira, outubro 02, 2006

Sobre separar os atos dos agentes...

Hoje conversava com um amigo e falava-lhe que gosto dos poemas do Fernando Pessoa. Ele replicou que o Fernando Pessoa sabia era beber absinto, por isso os poemas dele eram daquela forma. Bem, concordei que ele tomava absinto, mas isto não diminuiu nem um milímetro a minha admiração pelos poemas dele. São geniais! Não, eu não concordo com tudo que o Pessoa escreve, mas a forma com que ele usa as palavras para se expressar é inebriante - como o absinto, pois.
Fico pensando como algumas pessoas conseguem ter dons, externá-los, moldá-los, fazer eles transparecerem e aumentarem tanto a ponto da pessoa não importar mais. Não importa o que ele era, não importa o que ele fez da própria vida, se morreu infeliz ou feliz, se foi rei ou plebeu. Importa que ele escreveu o que sentia, e que cada vez que lemos algo que ele escreveu sentimos o que ele sentiu. Isso meus caros, eu chamo de dom.
Pessoa não era uma figura admirável no modo de vida, provavelmente era mais um poeta infeliz como a maioria dos poetas, porém ele deixou algo para a posteridade.
Falei isso tudo não apenas para ressaltar a obra do Pessoa, mas para chamar atenção para nós não confundirmos os atos com os agentes. Não devemos misturar as coisas.
Tomando o exemplo do Pessoa, podemos perceber que o fato de gostar do que ele escrevia não implica que preciso gostar do seu modo de vida. Misturar as coisas é muito preconceituoso. E isso meus caros não nos leva a lugar algum...
Olhe para alguém que você ame muito. Ele te corresponde em 100%?
Olhe para si. Você faz tudo o que fala?
Então por que alguém tem que ser perfeito?
Por que é tão fácil cobrar dos outros exatamente aquilo que a gente não dá?

Eu já tenho minhas respostas para essas perguntas. Espero que você também tenha.

P.S.: Não, eu não estou com raiva de ninguém, nem ninguém me cobrou nada. =)
P.S.2: Oi Aline! Eu estou aqui! :D Você tá boia?

6 comentários:

Anônimo disse...

Rebeca, gosto de suas reflexões. Aliás, gosto deste tipo de texto, que contempla os sentimentos do "SER GENTE". É comum as pessoas misturarem obra e autor para depois avaliarem se a obra vale a pena. Ou seja: o autor tem que ser (ou parecer) irrepreensível dentro dos nossos padrões moralistas, para que assim nós o aceitemos. A verdade é que essa peneira é ridícula. Acho que eu poderia falar muito sobre isso... Mas vou encerrar por aqui. beijão, (e não tô boia :(

Anônimo disse...

hahaha escrevi sobre isso dia desses e não consegui transmitir isso ai que vc disse... meu texto ficou over passional. tsc

Q barato esse marzão ai no lay, hein? A-do-rei!

bjs, boa semana pra ti.

Rebeca disse...

Eu: Obrigada pelo comentário Aline, você sempre enriquece as minhas reflexões.

Clara: Seja bem vinda a meu blog. =) Volte sempre. E boa semana pra ti também.

Filipe Malafaia Cerqueira disse...

Adorei este post, garota! Tudo a ver, bastante coerente e cheio de propriedade! Eu também adoro as músicas do Renato Russo, mas não preciso concordar com seu modo de vida. É isso aí!

Anônimo disse...

muito bom (como sempre) seu post... eu reclamo quando sou vítima desse tipo de atitude das pessoas, mas concordo q muitas vezes faço a mesma coisa... nós, animais, somos assim... sempre cobramos dos outros aquilo nós não somos capazes de fazer... XAU!

Rebeca disse...

Filipe: Você conseguiu perceber bem aquilo que eu quis transmitir! ;-) Beijos!

Malafaia: Ester, somos animais mesmo, mas graças a Deus somos animais racionais. :) Isso nos dá a capacidade de ver onde erramos e começar novamente de uma jeito diferente. Beijos e queijos!