Eram mais ou menos 5 horas da manhã de um dia "quase" comum. Neste dia, como em todos os outros, um senhor de seus 45-50 anos, grisalho, estaciona seu carro na Avenida Raul Lopes, uma avenida beira-rio preparada para cooper e atividades físicas em geral. Esse senhor, vamos chamá-lo de "você", VOCÊ desce de seu carro para começar sua caminhada diária. Tua idade já é avançada, VOCÊ está pensando na sua saúde.
Quando VOCÊ desce de teu carro um veículo desgovernado atinge em cheio uma árvore próxima e vai de encontro à pessoa mais próxima dali: VOCÊ!
VOCÊ é hospitalizado e passa vários dias no hospital.
VOCÊ descobriu que quem estava embriagado e te atropelou é um jovem rapaz, classe "A", filho de um famoso médico e sobrinho de um procurador... Descobre também que essa rapaz alcoolizado NÃO tem carteira de habilitação, mas tem uma legião de advogados para o defender.
VOCÊ está abalado, afinal, quem é atropelado dessa forma e não se abala? VOCÊ chora, afinal, chorar é uma das respostas do corpo a dor física e moral. E VOCÊ ouve da boca da pessoa que te atropelou as seguintes palavras:
- Esse VELHO...
Gostaria de dizer que essa história é uma ficção, mas ela é tão ficção quanto a história de um índio que foi incinerado em praça pública... Gostaria de dizer que não conheço a pessoa que foi atropelada, mas eu a conheço, já peguei em sua mão e lhe sorri muitas vezes.
Gostaria de dizer que isso é algo normal, que nós já deveríamos estar acostumados com esse tipo de coisa, mas eu não digo isso. Isso não é normal, pelo menos não é normal para mim. Uma crueldade desse tipo não é algo com que eu vá me acostumar.
Meu Deus! O que é isso? O que é isso meu Deus? O que é isso?...
(Joás Brandão)